sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Fatores da evolução

Embora haja uma grande quantidade de fatores que podem alterar o fundo genético de uma população (entenda-se como o adicionar ou o delectar de alelos), apenas alguns são relevantes, como por exemplo:
Mutações
A simples troca de um gene por outro, num indivíduo, altera o fundo genético de uma população, visto que parte da sua descendência virá a possuir o gene mutado. No entanto, a taxa de mutações é demasiado baixa para que tenha um influência significativa no fundo genético, além de não haver a estabilidade suficiente para que haja a propagação do gene a toda a população.
O efeito que uma mutação virá a ter na população depende do gene mutado: se for dominante, irá manifestar-se imediatamente, ocorrendo uma selecção natural rápido; se for recessivo, apenas se minifestará em homozigotia, pelo que será necessário haver cruzamento entre dois indivíduos que possuam o gene mutado, pelo que teremos uma manifestação menos visível, e uma selecção natural mais lenta.
As mutações cromossómicas, embora geralmente dêm origem a indivíduos inviáveis, ou que não atingem a idade de procriação, quando de facto dão origem a indivíduos viáveis, podem alterar significativamente o fundo genético da população, pois este tipo ded mutação envolve a alteração de bastantes alelos.
É ainda de salientar que as mutações são a fonte primária de evolução.
Migrações
Migrações são deslocamentos de indivíduos em idade de reprodução, de uma população para outra, criando fluxo de genes (caso haja reprodução). A migração pode ser imigração, a entrada de um indivíduo noutra população, que leva a um aumento no número de genes (fluxo genético positivo) ou emigração, a saída de um indivíduo de uma população, que cria uma diminuição no número de genes (fluxo de genes negativo).
Se, entre duas populações ocorrem migrações frequentes, pode suceder que o fundo genético de ambas se venha a tornar semelhante, levando à junção de ambas as populações. As migrações têm maior ou menor efeito sobre o fundo genético, conforme as diferenças entre os fundos genéticos das populações envolvidas.
Cruzamento não ao acaso, intracruzamento ou cruzamentos preferenciais: Para que a frequência dos alelos se mantenha é necessário que ocorra panmixia, ou seja, cruzamentos ao acaso. No entanto, o que se verifica na Natureza é que os indivíduos procuram parceiros para acasalar semelhantes a si, ou que lhes estão mais próximos - cruzamento parental (um caso extremo de cruzamento parental é a autopolinização) . Isto ocorre devido à necessidade de manter os alelos recessivos, pois caso ocorra uma mutação, para que o alelo se possa manifestar é necessário que haja dois indivíduos heterozigóticos. Se ocorresse sempre panmixia, os alelos recessivos nunca se manifestariam.
Deriva genética
Ocorre deriva genética quando a alteração do fundo genético ocorre ao acaso, sendo frequente ocorrer em populações muito pequenas, sucedendo que há a perda ou ganho de certos genes, não por selecção natural, mas ao acaso. Temos os seguintes casos de deriva genética:
- Quando um pequeno grupo de indivíduos - fundadores - se separa da população maior para um novo habitat, provavelmente não terá representados todos os genes da população, apenas parte, pelo que possuirá um fundo genético diferente. Isto leva a que os genes não transportados da outra população se percam na nova população.
Esta nova população pode ser melhor ou pior adaptada que a inicial, pois a perda de certos genes da população inicial pode levar a menores capacidades adaptativas.
- Quando populações grandes sofrem um período em que a maior parte dos indivíduos perece, devido a falta de alimento, epidemias, incêndios, catástrofes naturais e alterações climáticas, sobrevivendo apenas alguns indivíduos que permanecem no mesmo local, não devido a maiores capacidades adaptativas, mas devido ao acaso. Estes indivíduos, visto serem poucos, é muito provável que não apresentem a mesma frequência de alelos apresentada pela população inicial, ocorrendo mais uma vez a fixação de alguns genes e a eliminação de outros.
Seleção natural
A seleção natural leva a que alguns alelos passem para a geração seguinte, alterando a frequência, levando a adaptações a determinado ambiente e período. Isto corresponde a uma reprodução diferencial, levando a que os indivíduos mais bem adaptados aumentem o seu número, e os menos adaptados diminuam o seu número. A selecção pode actuar sobre:
- Tipo de acasalamento: Ocorre em certos casos um selecção sexual, na qual as fêmeas escolhem o macho com que irão acasalar. Este macho, geralmente é o mais forte, demonstrando-o através de lutas, ou o mais vistoso, demosntrando-o por côres vistosas, plumas, penas coloridas. O macho escolhido vai poder fazer os seus genes proliferar.
- Fertilidade diferencial: Quanto maior for a descendência de determinada espécie, maiores as probabilidades de adaptação dessa espécie, pois há uma maior aptidão evolutiva, portanto uma maior contribuição genética para a próxima geração.
- Sobrevivência até à idade de procriar: Pois aquelas espécie cujas crias sobreviverem em maior número proliferamA selecção natural vai determinar a manutensão ou a alteração da frequência de distribuição de determinada característica. Numa população verifica-se então a existência de alelos cuja frequência é muito elevada, ocorrendo depois desvios ou variações a esse alelo, cujas frequências são mais baixas quanto maior for a diferença do fenótipo representado com a fenótipo do alelo com maior frequência. Isto poderia ser representado por um gráfico, no qual o ponto em que a frequência de alelos é mais elevada designa-se ponto de aferição, e corresponde ao alelo com melhor adaptação, tratando-se assim de um valor ideal.
Assim, os indivíduos que possuem a característica dominante são mais frequentes, enquanto que aqueles que não a apresentam encontram-se com menor frequência.
A seleção natural, ao manter, ou alterar o fundo genétipo vai provocar uma alteração neste gráfico, aumentando sempre a frequência das características que se tornem, ao longo do tempo, melhor adaptadas.
Seleção estabilizadora ou homogeneitora
Quando o ambiente é estável, o número de indivíduos melhor adaptados vai aumentar, diminuindo o número do menos adaptados. Isto vai levar a uma menor variabilidade, e o ponto de aferição vai possuir uma maior definição, desaparecendo os alongamentos no fim da curva.
Seleção evolutiva
Esta vai alterar o local do ponto de aferição, pois resulta de uma alteração do ambiente, que vai tornar os mais adaptados ao outro ambiente, desdaptados neste novo ambiente.
- Direccional: O ponto de aferição desloca-se numa direcção ou outra, o que significa que os indivíduos de um extremo ou de outro tornaram-se mais adaptados - é o mais frequente
- Disruptivo: Passam a haver dois pontos de aferição, um em cada extremo, o que significa que os indivíduos mais adaptados tornaram-se menos adaptados, e os menos adaptados tornaram-se mais adaptados. Isto ocorre pois a espécie dominante é desfavorecida, formando novas duas populações, uma de cada extremo, ocorrendo portanto o favorecimento de mais de um fenótipo. Aqui, ao contrário da direccional, há variabilidade, a que chamamos polimorfismo - várias formas no estado adulto dentro da mesma espécie (por exemplo, o zangão, a obreira e a abelha-rainha
)

Afinal, o que significa espécie ?

O conceito de espécie tem vindo a evoluir, desde o séc. XVII, na qual a espécie era considerada como sendo um conjunto de indivíduos idênticos entre si e que dão origem, através da reprodução, a novos indivíduos semelhantes a eles próprios., e no sécu XVIII, século de Lineu, para quem uma espécie se trata de um conjunto de indivíduos que possui características mofológicas idênticas.
No entanto, o conceito de Lineu apresenta várias limitações, na medida em que espécies diferentes podem apresentar-se semelhantes, e indivíduos da mesma espécies podem apresentar-se diferentes - polimorfismo. É de salientar a importância da metamorfose, que faz com que indivíduos que possuam ceratas características morfológicas numa fase da vida não as apresentem noutra.
No século XIX, após o surgir das ideias evolucionistas, é sugerido um novo conceito de espécie por Mayr, onde já são incluídos conceitos de genética. A espécie seria então uma população ou grupo de populações naturais cujos indivíduos têm capacidade de se cruzar entre si, originando descendentes férteis e estando isolados reprodutivamente de outros grupos da Natureza. No entanto, para fazer frente a este conceito, comprovou-se que na Natureza, em certos casos, indivíduos de espécies diferentes se cruzam dando origem a descendentes estéreis. Assim, também o conceito de Mayr não estava totalmente correcto pois, além de ser inadequado para espécies extintas, ou aquelas presentes no fósseis, não pode ser aplicada a indivíduos que se reproduzam assexuadamente, nem a populações isoladas ou fora do seu ambiente natural.
Hoje em dia os conceitos de espécies já envolvem critérios bioquímicos e comportamentais. Pode assim concluir-se que não existe um único conceito de espécie, visto ser um conceito multidimensiona, pois varia conforme os organismos considerados. No entanto, para os indivíduos que se reproduzam sexuadamente utiliza-se o conceito biológico segundo o qual espécie trata-se de um conjunto de uma ou mais populações que partilham o mesmo fundo genético e se podem cruzar em condições naturais, produzindo descendents férteis, e estando isolados reprodutivamente dos indivíduos de outras espécies.
Para que haja o aparecimento de novas espécies é necessário que haja isolamento reprodutivo entre populações.

Evidências da evolução

Anatomia comparada: Ao analisar as diferentes espécies, podemos observar que estas apresentam estruturas semelhantes ou membros com a mesma função. A observação destes caracteres veio apoiar as ideias evolucionistas, pois este facto demonstra uma origem comum de diferentes espécies.
Estruturas homólogas : São estruturas que se podem encontrar em diferentes espécies e que apresentam:Plano estrutural básico semelhante, ou seja, a forma destas estruturas é muito semelhante (por exemplo, um braço de um humano e a asa de uma ave)
Posição relativa a outras estruturas é semelhante, isto é, o local no organismo onde se encontram determinadas estruturas homólogas, em espécies diferentes, é mais ou menos o mesmo (temos o caso do local onde se localiza a cabeça, a qual se encontra quase sempre acima do resto do corpo)
Provêm do mesmo esboço embrionário, uma vez que o local, no embrião, onde se localizam as células que irão dar origem a estruturas homólogas, em espécies diferentes, é o mesmo;
Antepassado comum próximo, pois, como irá ser esclarecido estas estruturas provêm de espécies que divergiram devido a diferentes pressões selectivas;
Funções diferentes, isto é, estruturas que apresentam todas as características descritas em cima podem ter diferentes funções, embora geralmente essas funções sirvam o mesmo objectivo (por exemplo, as patas de um cavalo e as asas de uma ave: têm funções diferentes, respectivamente andar e voar; no entanto o seu objectivo é o mesmo e trata-se da locomoção)
Evolução divergente; isto é, devido às diferentes espécies terem sido sujeitas a pressões selectivas (conjunto de factores que condicionam a vida dos indivíduos e que os obrigam a evoluir em determinada direcção) diferentes, adaptaram os seus membros àquilo a que eles eram mais necessários no ambiente em que determinada espécie se encontrava.
A partir destas estruturas podem criar-se séries filogenéticas (através da análise de determinadas estruturas em espécies diferentes mas que sofreram a mesma evolução até determinada altura) que são progressivas quando determinada estrutura evolui desenvolvendo-se, ou regressivas, quando uma estrutura evolui, tornando-se mais simples (temos o caso do coração como uma série filogenética progressiva, pois nos mamíferos é mais complexo que nos peixes).

Estruturas análogas :Estas estruturas encontram-se em espécies cujo antepassado comum se encontra muito distante, pelo que o seu grau de parentesco é muito baixo. Elas apresentam:
Padrão estrutural básico diferente, pelo que a forma das estruturas não é semelhante
Posição relativa a outras estruturas pode não ser semelhante
Provêm de um esboço embrionário diferente Antepassado comum muito longínquo
Evolução convergente, uma vez que, devido a estarem sujeitas às mesmas pressões selectivas, as soluções que a Natureza arranjou para a adaptação das diferentes espécies, são muitas vezes as mesmas. Assim, espécies de origens muito diferentes podem apresentar estruturas que desempenham as mesmas funções. (Temos o exemplo das asas das aves e as asas dos insetos)
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Um vídeo só pra dá graça

Quem puder vê, veja, é muito engraçado, -kk
http://www.youtube.com/watch?v=Opp6DHQQMns

Transformismo X Fixismo

Em poucas palavras, Fixismo é teoria que admite que as espécies, desde o seu aparecimento, são imutáveis, ou seja, não sofrem modificações. E Evolucionismo é teoria que admite que as espécies não são imutáveis e que sofrem modificações ao longo do tempo, (curiosidade: antes de Lamarck era também conhecido como transformismo).

Teoria do TRANSFORMISMO

A teoria do Transformismo é a teria da descendência com modificação de Darwin, que explica a origem de espécies através da seleção natural, é considerada um marco na história da ciência. A possibilidade de unificação de toda a biologia e a mudança que ela trouxe para nossos valores e para a nossa compreensão da posição da humanidade no universo ainda causam um grande impacto na sociedade e na relação entre ciência e filosofia. O objetivo do presente estudo é compreender alguns aspectos dos desenvolvimentos da ciência que antecederam essa teoria. Dois elementos foram estabelecidos como referências para essa análise: a teoria de Jean-Baptiste Lamarck, a mais importante a propor o conceito da transformação das espécies antes de Darwin e o problema científico da explicação da extinção. As várias teorias elaboradas para dar conta da diversidade de espécies na Terra, bem como para explicar o fenômeno da extinção são discutidas através das obras de Georges Cuvier, Geoffroy Saint-Hilaire e Richard Owen. Nessas teorias, as questões da adaptação e das noções teleológicas são destacadas devido à sua relação com o problema da extinção. A abordagem de Darwin para o problema da extinção é discutida em sua relação com o conceito de seleção natural e com o conceito de adaptação defendido pela teologia natural britânica.